Percebi mais carinho, percebi mais afeto, percebi sorrisos
perdidos, percebi lembranças, percebi memórias, percebi tantas outras coisas
que não sei dizer. Percebi abraços; percebi momentos; percebi gritos; percebi
choros; percebi conversas; percebi todo o contato físico e visual possível
entre os seres que antes não vinha a perceber.
Percebi saudade; percebi que sou e posso ser mais; percebi
que devo mais; percebi que sinto mais; percebi que não devo brigar; percebi que
devo mais sorrisos; percebi que devo mais felicidade e alegria; percebi que
muitas vezes não deveria e nem devo reclamar; percebi a dor e o sofrimento de
muitos.
Percebi coisas que posso perder; percebi coisas que ainda
estão ao meu alcance; percebi que devo me cobrar mais, mesmo que me cobre
sempre todos os dias. Percebi que pessoas vão e vêm; e que não somos donos do
mundo para que tenhamos ao lado tudo o que quisermos; por isso existe a palavra
momento, saudade, lembrança e memória. Para que sintamos e para que possamos
partilhar desses sentimentos que ora podem ser bons e ora podem ser ruins. E só
depende de você escolher o que sentir, com muita luta.
Eu senti, eu percebi. Eu sou privilegiado. Graças ao bom
Deus, posso dizer que tenho o necessário; tenho a base e tenho o suporte para seguir
com paz, amor e alegria.
Mas acima de tudo percebi o quanto todos nós jogamos coisas
fora, atiramos a cada passo oportunidades no lixo; andamos a chutar
possibilidades; andamos a encarar e até mesmo a agarrar novas e boas situações;
mas a jogamos todas fora.
Quantos “oi´s” você negou, quantas vezes virou o rosto para
alguém? Quantos foram os abraços que você deixou de dar por medo ou vergonha?
Quanta gente você perdeu por birras momentâneas e por não saber lidar com o seu
próprio orgulho?
Quantos momentos você deixou de curtir; de aproveitar;
quantos sorrisos escaparam; quantas pessoas se distanciaram, e quantas coisas
aconteceram que você nem sabe o porquê disso ter acontecido?
Porque você deixou ir? Porque só agora? Porque tantas coisas
só agora?
Temos pena, temos compaixão, temos carência, temos carinho,
temos amor, temos a idéia de sermos únicos e exclusivos no que sentimos. Temos
a razão e a certeza de que somos bons e de que nada do que deixamos para trás
era para ser nosso.
Até você perder alguém.
Aí você pensa. E só a partir daí é que você começa a pensar;
você começa a sentir e você começa a perceber.
Só aí você terá vontade de reverter amizades e situações.
Tentará apaziguar guerras do desamor entre você e seus
amigos.
Gostará e terá o prazer de superar as diferenças e os
conflitos entre as diferentes tribos escolhidas por seus amigos antigos que
naturalmente a vida fez com que você acabasse em outro destino; que foi
naturalmente escolhido por você e por eles também.
Você acaba percebendo que você pode se amar mais e que você
pode conquistar o que é dito como inconquistável/impossível/improvável. Você
percebe sempre mais o seu valor e lida muito mais com as suas benfeitorias.
Você releva/reflete os seus erros diários; você saboreia
mais a refeição feita pela sua mãe. Você trata sua mãe melhor. Você é mais
feliz, você não é mais triste pela morte de alguém.
Você é feliz sim, pois você está aqui e você é feliz com o
que você tem, pois você pode até reclamar, mas não deverias; pois das mais belas
proezas e prazeres possíveis; és aconchegado e cristalizado por um mundo de
informações e conquistas materiais que parte daqueles que te criam; que jamais
terá motivos para que o reclame de barriga cheia aconteça. Sem generalizações,
há quem possa e há quem não possa sorrir com o que têm. Sem julgar superior ou
inferior, mas Deus deu uma vida para cada um de nós.
E depois..
Depois que você perde alguém, você sente mais pena do
mendigo na rua, sofre com o frio da jovem criança atirada contra o canto de uma
marquise para se esquivar da dor e da agonia da noite que o deixa com uma
sensação de insuportável.
Você sente pena do deficiente que jamais terá oportunidade
de trabalhar e é abandonado pela família que não se importa; vive na rua de
esmola por não ter um membro do seu próprio corpo.
Você sofre com a miséria, você sofre com a carência; você
sofre com a falta de solidariedade; com a falta de humanismo; você sofre com o
frio; com a fome; com a rua; você acaba sofrendo por tudo que hoje é “tão
normal, tão banal”.
E você começa a sofrer realmente por tudo, você sofre por
coisas que jamais imaginara sofrer.
Mas você sofre. Porque apesar de tudo, uma parte de ti sabe
que perdeu, e que mesmo que não haja culpa, lá dentro percebemos, o quanto
erramos e podemos ser ruins com os outros. Percebemos quanto tempo estamos
perdendo e percebemos quantas pessoas deixamos ir embora; percebemos que só
perdemos em querer sentir por orgulho e convicção de “princípios e conceitos
ideológicos”; a mágoa, o ódio, o rancor, a tristeza, a solidão e os demais
sentimentos que nos afligem e que nos deixa enraizados de sentimentos infelizes,
maldosos, tristes e ruins.
E realmente só perdemos, até que percebemos.
“Ainda é tempo de voltar atrás, o homem criou o relógio;
Deus criou o arrependimento; a admissão e a mudança”
"Só não tenha vergonha de ser quem você é, pois quem você é; é o que vai levar você a sua própria felicidade"
"Aproveite as oportunidades que lhe são dadas, elas são únicas e certas para os momentos"